Mídias Locativas Ecorregión Amazónica

Brasil, Perú, Colombia, Venezuela, Ecuador y Bolivia. Hasta el 13 de febrero 2012.
Convocatoria para el prémio Medios de Comunicación Locativos Ecorregión Amazónica.
http://artemov.net

Inscrições para o Mídias Locativas na reta final!

 

Restam poucos dias para que artistas e pesquisadores amazônidas mandem seus projetos para o Prêmio Mídias Locativas Vivo arte.mov – Ecorregião Amazônica, que contemplará conteúdos digitais criados por meio de recursos tecnológicos disponibilizados por aparelhos portáteis, como celulares, tablets, GPS e afins.

A iniciativa, patrocinada pela Vivo, contempla duas modalidades: R$ 20 mil a um projeto desenvolvido na cidade de Belém, e outros R$ 30 mil ao segundo, contemplando a Ecorregião Amazônica. Podem concorrer projetos que venham a ser executados no bioma partilhado entre Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia. As inscrições podem ser feitas através do site artemov.net e vão até a próxima segunda-feira, 13 de fevereiro.

O Prêmio Mídias Locativas Vivo arte.mov – Ecorregião Amazônica é uma iniciativa do programa Vivo arte.mov em parceria com a Barba Cabelo & Bigode Produções Culturais e a Malab Produções, com patrocínio da Vivo, Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves e Governo do Estado do Pará.
Leia abaixo entrevista exclusiva concedida pelo artista multimídia e curador do Vivo arte.mov, Lucas Bambozzi:

A vanguarda sempre foi essencialmente tecnológica, certo? O que diferenciaria, portanto, nossa época das demais?

A produção de arte ligada às tecnologias atuais possui algumas atualizações e especificidades que merecem ser consideradas. Talvez, estejamos de fato vendo transformações num ritmo inédito. Tal vez, as transformações atuais estejam sendo finalmente afetando um maior número de pessoas. Essa melhor distribuição do acesso à tecnologia é um fator muito importante, que com certeza caracteriza nossa época e torna a tecnologia um pouco mais entranhada na vida das pessoas.

Hoje, estamos falando de cruzamentos com outras tantas áreas do conhecimento que se tornaram pauta de discussões urgentes (no campos estéticos, éticos, políticos, sociais, culturais etc). E essa complexidade de relações cresce na medida em que surgem mídias novas, na medida em que velho paradigmas são superados, dando lugar a novos conflitos.

Em 2010, tivemos um convidado importante no Vivo arte.mov (edições BH e São Paulo), Bruce Sterling. Ele comenta em nosso documentário que a introdução do celular talvez esteja causando maior impacto social para a humanidade do que a introdução dos carros e estradas.

Quando e o que despertou teu interesse para o paradigma arte versus tecnologia?

Venho originalmente da comunicação e não exatamente da arte. Fui me aproximando da arte ao me distanciar dos preceitos de funcionalidade associada à informação, buscando formas menos comprometidas de comunicação. Creio que venho experimentando essas possibilidades de expressão através dos meios de comunicação desde que fiz meu primeiro vídeo mais autoral (o vídeo Love Stories 6min. 1992) e, em especial, com instalações às quais me dediquei a partir de 1996 e trabalhos de net-arte a partir de 1999.

Ou seja, minha proximidade com o campo da arte e tecnologia foi acontecendo através de trabalhos que se utilizam das mídias (dentro do conceito de media art), o que pressupõe pesquisas e procedimentos envolvendo tecnologias recentes de comunicação, informação e práticas artísticas associadas a esses meios. Mas não são as mídias que me importam tanto. Interessa mais o trânsito entre elas, os deslocamentos e mudanças que daí se derivam. E, sobretudo, como elas impactam as pessoas.

Podemos realmente falar em inclusão digital no Brasil? No fim, vale mais o número de pessoas que têm acesso à rede ou a banda desse acesso?

Interessa-nos muito perceber como a suposta melhor distribuição do acesso às tecnologias de comunicação (incluindo rede, banda, aparatos) acontece. Sabemos que essa distribuição é muito irregular e a um custo muito alto. Então, interessa sim que essa conectividade se amplie de fato, a um custo menor para o usuário. As bandas estão muito estreitas, acidentadas e caras. Isso não reflete um cenário de inclusão digital para um país de proporções como o Brasil. Segundo a própria imprensa (em dados de 2010 e 2011), a qualidade de nossa internet banda larga está entre as piores no mundo.

As estatísticas de uso de tecnologias móveis no Brasil geralmente impressionam. O acesso à rede de dados celulares ultrapassa em muito a rede de acesso à internet por cabo, modem ou wi-fi juntos. A infraestrutura de telefonia por fio levou 100 anos para conectar cerca de 40 milhões de aparelhos. Em pouco mais de 15 anos de desenvolvimento da telefonia móvel, chegamos a mais de 200 milhões de aparelhos em operação. Do ponto de vista social, ou das expressões individuais, o que se pergunta é como esse mar de conectividade pode se converter em alguma plataforma de uso comum e distribuído. Como essa base pode potencializar a expressão individual para além das redes sociais do tipo Orkut ou Facebook ou para além da conexão ‘um para um’, entre bolhas privadas? O que dizer ou fazer quando se tem finalmente as ferramentas certas, em uma perspectiva de um país com tais dimensões ou, ainda mais, numa escala global?
Esse é um fenômeno inimaginado há pouco tempo. O que se sabe é que para muitos esses aparelhos poderão, talvez, se converter no primeiro acesso à internet, no primeiro computador pessoal para a maioria dos brasileiros. Isso também é significativo. Resta pensar melhor o que fazer com isso.

Como um prêmio a exemplo do Mídias Locativas contribui para reverter esse cenário?

Acreditamos que o Festival arte.mov seja hoje o mais consistente evento do gênero no cenário nacional. Foi o primeiro a acontecer de forma regular no calendário do país e, principalmente, foi o primeiro a buscar uma ampliação das questões envolvidas na cultura da mobilidade, o que estamos fazendo há 6 anos, com conhecimentos das tensões envolvidas e qualidade de programação.

A acessibilidade e a adoção do comum (o commons) são elementos vitais nas tênues práticas associadas à tecnologias móvel. O que se espera é que esses projetos possam despertar maior interação com a realidade social de uma região. Essa é uma forma de ver esses sistemas menos como gadget de mediação e talvez mais uma ferramenta de aproximação das diferentes realidades e contextos de um ambiente.

Pouco a pouco, vamos vendo o surgimento, tímido ainda, de trabalhos que lidam com grandes escalas e magnitudes (os parques, as cidades) ao mesmo tempo em que se apresentam como intervenções (às vezes menos, às vezes mais visíveis) no espaço físico.

Os conceitos ligados às mídias locativas sugerem uma possível apropriação das ideias de ‘site-related’ ou de ‘context-specific’. Isso é muito interessante de se observar e amplia bastante o campo da discussão e atuação dos artistas – pois se aproxima de práticas muito potentes no campo da arte, com questões que envolvem os espaços físicos e suas especificidades, tensões e conflitos.

Vale dizer, então, que é uma tecnologia que ganha respaldo e se legitima através da popularização de seu uso e aplicação. Esperamos ver esse uso ampliado.

A Ecorregião Amazônica tem um potencial sub-explorado, não somente no que tange ao aspecto artístico-tecnológico?

Percebemos que, em nosso prêmio anual para projetos de Mídias Locativas oferecido pelo Festival arte.mov, os projetos raramente se encaixavam na realidade da Amazônia. Por outro lado, projetos anteriores ligados ao Vivo arte.mov, como o projeto Água, proporcionavam possibilidades muito interessantes de casamento entre tecnologia, mobilidade e a realidade social da região. Essas características são compartilhadas com outros países da chamada Ecorregião Amazônica.

Artistas e pesquisadores não apenas do Brasil, mas também do Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia, poderão apresentar propostas que mudem essa condição pouco explorada em termos de uso das mídias móveis na região. Estamos bastante animados com o que pode surgir a partir daí.

 

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